Comunicação em tempos de caos: um guia para não nos perdermos.
Para Sartre, a incerteza (atráves da liberdade) é a angústia do homem.
Para Bertrand Russell, desaprendemos a lidar com o tédio em meio ao excesso de atividades (isso em 1930, então imagine agora).
Agora, vivemos o pior dos dois mundos. A incerteza plena de Sartre, sem sabermos o que será do amanhã, literalmente, e confinados em casa, sendo confrontados diretamente pelo tédio - aos que moram sozinho como eu, sejamos fortes.
Estamos todos ouriçados. Reativos. Estamos todos de certa forma tentando nos encaixar entre a solidariedade e humanidade necessárias deste momento histório e os sentimentos, emoções e hormônios capazes de (quase) nos enlouquecer.
Pensando nisso, pensando em nossos familiares, colegas de trabalho, vizinhos e governantes, gostaria de deixar algumas recomendações para a nossa comunicação em tempos de caos:
1. Empatia é tudo.
Não. Empatia não é sentimento de comercial de margarina. Não é simpatia (a capacidade de sentir com o outro). Empatia é o simples gesto de olhar a situação do outro, colocar-se dentro daquele cenário e entender, por exemplo, o momento atual de quem possui pais idosos. De quem sofre o confinamento isolado. De quem está a dias da falência. Simplesmente, entenda.
2. Teremos que ser pacientes.
Estamos todos em extrema angústia. Isso é fato. As nossas respostas serão reativas. As nossas decisões seram conturbadas. Muitas vezes, não saberemos o que fazer, o que dizer e, principalmente, como dizer. Respire antes de falar. Respire depois de ouvir. Respire antes de dizer. Sempre a um metro de distância. Sempre protegidos. Mas respire sempre.
3. Seja líder de todos ao seu redor.
Liderança não é algo apenas profissional e hierárquico. Liderar é comunicar. É ajudar o outro a entender o momento, a tomar decisões e a saber como agir (e como não agir) em temos de incerteza. Lidere os seus avós. Os seus filhos. A sua comunidade. Lidere os seus grupos de WhatsApp para que entendem as realidades diferentes.
Com isso, resolveremos as incertezas? Não. Mas nos ajudaremos a navegar por elas. Com isso, resolveremos o tédio e nossa incapacidade de lidar com ele? Não de forma imediata, mas deixamos mais leves todos estes momentos.
No mais, deixo minha porta (virtual) aberta, para todos aqueles que precisarem dizer, ler ou debater sobre algo. Afinal, somos aquilo que fazemos dos nossos tempos.
Estejam seguros. Estejam fortes. Em breve, nos vemos.