Pessoas primero, lucros depois. Senão, ficamos sem nenhum.
Não, não estou dizendo que deveríamos tratar pessoas como um meio. Com um fim utilitarista. Tratar clientes, colaboradores, líderes e liderados bem é um fim em si mesmo. Por isso, liderar é uma virtude: tudo aqui que já tem como finalidade o próprio gesto em si. Por isso que carisma, respeito, cuidado e até mesmo o amor, por exemplo, são virtudes, não ferramentas.
Sem dúvida, eu tenho uma história inusitada. Um banqueiro de investimentos que, no início da sua ascensão, resolveu tornar-se escritor. Para depois tornar-se um filósofo que, no início da sua ascensão acadêmica, resolveu tornar-se empresário. Talvez por isso, naturalmente, eu oscile entre dois mundos: o do dever (no sentido ético) e do querer (no sentido empresarial). Empreendedorismo sustentável é equilibrar estes dois pilares da forma mais orgânica e sinérgica possível.
Mas não acredito que precisamos ser binários - ou um personagem plano, para não abandonar por completo o meu eu-escritor. Vejo o mundo como uma possibilidade de coexistirmos: empresas podem se preocupar com indivíduos e serem lucrativas. Aliás, no longo prazo, acredito que apenas estas sobrevivem. A inspiração vem de um livro de Ben Horowitz, O Lado Difícil das Situações Difíceis, indicada pelo meu grande amigo Israel Salmen em uma de nossas conversas recentes.
"Cuide das pessoas, dos produtos, dos lucros. Nesta ordem."
Isso sem dúvida vale para os momentos de crise, como ele propõe. Porém, eu acrescento. Isso vale para qualquer cenário. Pessoas primeiro, lucros depois. Senão, você corre o risco de ficar sem nenhum. Empresas que não forem capazes de cuidar de seus colaboradores neste momento, de seus clientes, de seus fornecedores, sequer serão empresas no futuro.
Talvez minha última experiência como líder no mercado financeiro, antes disso tudo, tenha sido um dos maiores aprendizados neste sentido. Estava em uma empresa que distorcia esta relação. Querer primeiro. Dever (no sentido ético), depois. Resultados primeiro. Cordialidade, carisma, empatia? Sempre depois.
O resultado? Quando nasceu a Conte., as pessoas vieram comigo. Os lucros seguiram. Não entenda este texto como uma apologia desmedida ao dinheiro. Já existem livros e influenciadores digitais suficientes falando disso. Não prometo milhões antes dos 25 anos. Eu mesmo não os conquistei.
Mas prometo você ser olhado nos olhos com respeito por clientes, leitores, colaboradores. Principalmente, prometo você ser olhado com respeito todas as vezes que se olhar no espelho.
Mais uma semana se encerra. Quem você foi e quem você quer ser?